segunda-feira, 4 de junho de 2018

Com fim de protestos, associações pedem à ANP que restabeleça regras em combustíveis

SÃO PAULO, 4 Jun (Reuters) – Associações do setor de
combustíveis têm cobrado a reguladora ANP para que revogue a
flexibilização de mistura de biocombustíveis e de vendas entre
distribuidoras, tendo em vista que os protestos de caminhoneiros
terminaram e os receios quanto ao abastecimento nacional foram
afastados, segundo documentos vistos pela Reuters.
Em meio às manifestações, a ANP flexibilizou a
obrigatoriedade de mistura de biodiesel ao diesel e de etanol
anidro à gasolina, além de permitir que distribuidores de uma
marca comercializassem seus produtos com postos de outras. Todas
as medidas visavam garantir a "continuidade do abastecimento de
combustíveis e inibir preços abusivos".
Mas em carta à ANP, a Plural, que responde pelas empresas de
distribuição, afirmou que a manutenção dessas ações é
prejudicial a partir de agora, pois colocaria "em xeque a
estabilidade do setor, incentivando comportamentos oportunistas
dos mais variados agentes econômicos".
Assinada pelo presidente-executivo, Leonardo Gadotti Filho,
a carta da Plural datada de 1º de junho afirma que tais medidas
podem "induzir o consumidor a erro em relação à correta
procedência do produto, ameaçar a qualidade do produto final…
desestruturar o modelo de arrecadação vigente… dentre outros
impactos".
Na mesma linha, as associações Abiove, Aprobio e Ubrabio, do
setor de biodiesel, pediram à ANP o restabelecimento da mistura
de 10 por cento do renovável ao diesel. O chamado B10 entrou em
vigor neste ano.
"A Abiove, a Aprobio e a Ubrabio entendem que, neste
momento, as paralisações e os bloqueios nas rodovias estão
cessados e as condições para a o restabelecimento das retiradas
pelas distribuidoras já estão presentes, pois as vias de acesso
estão liberadas", afirmaram as entidades na carta endereçada à
ANP e disponibilizada na internet também dia 1º de junho.
Durante o momento mais agudo dos protestos dos
caminhoneiros, muitas usinas de etanol e unidades processadoras
de soja e produtoras de biodiesel interromperam as atividades
por falta de matéria-prima ou problemas no escoamento da
produção. Agora ambos os setores pedem que as regras de mistura
sejam retomadas, inclusive para dar fluxo à oferta.
"É urgente a retomada da mistura obrigatória de biodiesel e
as retiradas de produto das usinas para que as cadeias
produtivas de proteínas animais não sejam prejudicadas com a
falta de farelo de soja, ingrediente essencial para a formulação
de rações", destacaram as associação do setor.
Procurada, a Plural não confirmou o conteúdo da carta, mas
frisou que suas associadas já estão faturando o litro do diesel
com desconto de 41 centavos. O valor não chega aos 46 centavos
prometidos pelo governo porque o produto fóssil é justamente
misturado com biodiesel, sobre o qual não recaem as reduções de
preços anunciadas.
A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), que responde
por unidades produtoras de etanol no centro-sul do Brasil, disse
que as medidas adotadas pela ANP foram para um "período de
crise" e que espera que sejam anuladas.
A ANP não respondeu de imediato a um pedido de comentário

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