sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Brumadinho: Brasil é bom em punir mas não investe em prevenção

Desde a última sexta-feira que a imprensa brasileira tem dedicado praticamente todo o seu espaço a tragédia de Brumadinho, em Minas Gerais. Passada a primeira etapa, entender a dimensão do desastre, é a vez de aprofundar nas causas, consequências e diversos detalhes que cercam mais esse capítulo negro da história da mineração no Brasil.
Mais uma vez, fica claro que o poder público não existe para fiscalizar e só aparece depois que a incompetência se transforma em destruição, mortes, dor e sofrimento.
Após o rompimento da barragem da Vale do Rio Doce, o que se viu foi um desfile de autoridades dos três poderes adotando medidas como bloqueio de bens da empresa, prisão de executivos, promessa de endurecimento na fiscalização e outras medidas que indiscutivelmente, são necessárias em um desastre ambiental dessa magnitude mas que poderiam não ser necessárias se todos tivessem cumprido seus papéis em exigir que a nossa legislação ambiental fosse cumprida, principalmente exigindo de pequenas, médias e grande empresas, que atuam nesse setor, cobrando licenças, vistorias e autorizações necessárias para um funcionamento seguro, sem danos ao meio ambiente e garantindo a vida de quem trabalha no setor.
Só para começar, esse modelo, barragem com rejeitos de minérios, é ultrapassado mas continua sendo usado porque é mais barato. Dane-se o perigo, a probabilidade de rompimento, os danos a fauna e flora, as vidas perdidas, a lucratividade é o objetivo.
Representantes do Governo Federal disseram que vão começar a fiscalizar as barragens no Brasil inteiro e que a Agência Nacional de Mineração ainda não tem um plano elaborado mas que existem recursos suficientes. É perceptível que não existe um norte a ser seguido. Caso houvesse, não estaríamos vivendo essa catástrofe.                                                        A Vale, depois de Mariana e agora em Brumadinho, anunciou que vai desativar todas as barragens que utilizam este método. Quantas pessoas precisaram morrer para chegarem a esta constatação.
O Chile, maior produtor de cobre do mundo, proibiu o uso desse tipo de contenção de rejeitos desde as décadas de 1960 e 1970 quando fortes terremotos atingiram o país.
Vamos esperar a poeirar baixar, torcer para que a vida daqueles que foram atingidos pelo descaso público e privado possam voltar ao mínimo de normalidade para saber se agora alguma medida concreta será tomada ou se tudo continua como está, na lama.

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